Blue Jasmine: crítica do filme


Cate Blanchett e Woddy Allen, em uma cena do filme

O Discreto Charme da Burguesia, do diretor espanhol Luis Buñel, é uma grande ironia. Mostra a burguesia mesquinha, idiota e principalmente hipócrita. É bem engraçado. Segundo Woddy Allen, esta obra de Buñel é um dos melhores filmes da história. Lembrei-me disto, ao ver a personagem principal do novo longa-metragem de Allen, Jasmine (Cate Blanchett). Ela retrata a elite atual, que acredita ser “diferenciada”, que vive em um mundo de sonho e que faz caridade para aliviar a consciência de sua riqueza, ganha com a exploração, furto e fraude. O problema, é que com a chegada da crise, nem todos permanecem ricos e muitos vão viver o pesadelo de ser “pobre”. 

Trilha sonora Robocop (1987)





A coluna Trilha da Semana está de volta para comentar a trilha sonora de um clássico cult dos nos 80: “Robocop – O Policial do Futuro”, do subestimado diretor Paul Verhoeven e que recentemente ganhou uma refilmagem comandada pelo brasileiro José Padilha.

No original de 1987, a trilha foi idealizada pelo greco-americano Basil Poledouris (1945-2006). De forma a conceber através da música uma atmosfera que refletisse a questão “homem versus máquina” abordada na obra, Basil mesclou o uso de sintetizadores com música orquestral, resultando em uma contraposição sonora.

Robocop, Padilha e os críticos

Diálogo de 'RoboCop' entre Kinnaman e Gary Oldman
Este texto foi produzido para quem já assistiu ao filme e contém detalhes que revelam acontecimentos importantes da trama. A decisão de continuar a leitura, nesse caso, não cabe ao autor do texto.
Lançado em fevereiro de 2014, a refilmagem do filme Robocop, dirigida por José Padilha, dividiu a crítica. A história segue a mesma ideia do filme original de 1987, de Paul Verhoeven, porém apresenta questões atuais e que vão além da película do final dos anos 80.

O filme de Padilha nos conta a história do policial Alex Murphy numa Detroit um pouco diferente. Questões como o intervencionismo norte americano, a utilização de drones para segurança dentro e fora do país, mídia burguesa, busca por novos mercados, entre outras, são diretamente apresentadas ao espectador. Além disso, o monopólio, a divisão da sociedade em classes e mais elementos estão presentes o tempo todo sem serem citados.

Her - crítica do filme

Theodore (Joaquin Phoenix) em frente ao OS
 Acesso o jornal com o meu celular, enquanto espero o ônibus no terminal. Observo que à minha esquerda um adolescente está jogando e à direita uma menina houve música. Outras pessoas se aproximam do ponto. Todas esperando o transporte público. A maioria delas está conectada em seu celular. Falam com alguém, conversam nas redes sociais, jogam ou leem. Ninguém percebe ninguém a sua volta. Estamos todos concentrados demais em ficar sozinhos com nós mesmos. Absorvidos por nossas atividades solitárias.

Lembrei-me disso ao assistir Her (Ela), na noite de ontem. Escrito e dirigido Spike Jonze (Onde Vivem os Monstros). O longa-metragem é um romance de ficção cientifica que conta a história de um escritor de cartas, Theodore (Joaquin Phoenix). Solitário, ele se separou há pouco tempo e está em uma fase de melancolia e sem nenhuma companhia.

Cine debate: Batalha de Seatle

Cartaz do Filme
O próximo cine-debate, no dia 26 de maio (domingo), às 18h exibirá o filme a Batalha de Seattle, no sindicato dos servidores públicos de Joinville (Sinsej). O filme relata os acontecimentos do dia 30 de novembro de 1999, na cidade de Seattle nos Estados Unidos, que foi tomada por dezenas de milhares de manifestantes, em protesto contra a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). 

Ujes Exibe Panteras Negras


O projeto Cine debate da União Joinvilense dos Estudantes Secundaristas irá exibir o filme Panteras Negras, no dia 14 de abril, às 16h, no Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej). O filme mostra os amigos Huey Newton (Marcus Chong) e Bobby Seale (Courtney B. Vance), que formam um novo partido dedicado em proteger os negros das violentas arbitrariedades dos policiais brancos, na cidade Oakland, Califórnia, em 1967.

CAPITÃO AMÉRICA: O FIM DO SONHO AMERICANO


Primeira parte

No mês julho estreou nos cinemas brasileiros o filme Capitão América: o primeiro vingador. Apesar da boa receptividade no Brasil, como no resto do mundo, os produtores temiam pela rejeição do filme devido ao caráter patriótico do herói.

Mesmo com esse temor, a crítica não foi de toda negativa. Em muitos jornais ela foi semelhante: O diretor fez um filme de aventura, como Indiana Jones. Penso que foi isso mesmo e por isso não deixa de ser um bom filme. Nada sensacional, mas bom.

Joe Johnston, diretor do filme, não é um diretor que podíamos esperar muito, é só olhar sua trajetória: Querida, Encolhi as Crianças, Rocketeer e Jurassic Park III. Nada espetacular.

O filme se resume a um prelúdio dos Vingadores. Chris Evans, que interpreta o capitão América conseguiu mostrar a personalidade séria, trágica e “inocente” do herói.

A história se manteve fiel e segue a linha editorial da Marvel. Um herói que luta por valores universais, como verdade, justiça e liberdade.

O nazismo é mostrado com um “mal” absoluto. O caveira vermelha é usado como exemplo de soldado nazista. Não se deu destaque merecido ao parceiro do Capitão América, Buck, que perde espaço para Tomy Lee Jones, o pai de Tony Stark (Homem de ferro) e para a agente Peggy Parker. No mais, quem leu os quadrinhos sabe como a história se desenvolve.

Um voluntário de guerra se oferece para passar por uma experiência de criação de um super soldado, que irá lutar contra o nazismo.

Houve jornais que criticaram a esquiva que o filme fez em não entrar nos detalhes da história nazista e que o melhor capitão América seriam os bastardos inglórios, de Quetin Tarantino, pois representa a personalidade ofensiva da América.

Acredito que isso poderia acontecer, mas não seria fiel a história das HQs. Esteve Rogers, nome do capitão América, franzino, mas com coragem e vontade de lutar é o que faz dele um herói. Essa, como já disse é a linha editorial.

A ingenuidade dos artistas não é algo criminoso, mas comum. Eles escolhem um lado e Criam boas histórias a partir do que eles conhecem e acham ser correto. Acredito que os criadores do Capitão e Evans fizeram isso. Organizaram uma história a partir do que eles conheciam. Não fizeram do herói um agente descarado do imperialismo, mas também não esconderam totalmente seu patriotismo. Isso, como nós veremos mais à frente é a linha editorial da Marvel.

O nascimento do Capitão América

No ano de 1941 os nazistas tinham ocupado grande parte do território Europeu. Os aliados haviam sofrido grandes derrotas. A França tinha metade de seu território ocupado. A suástica de Hitler opunha derrotas a poderosa a foice e o martelo da União Soviética.  A Inglaterra era bombardeada.

Em dezembro do mesmo ano, os Estados Unidos sofrem um ataque em seu território. A base de Perhal Habor, no Hawaii é atacada pelos japoneses.  A segunda guerra mundial teria agora envolvidos, diretamente, todas as grandes burguesias e a União Soviética.

O mundo que havia passado por uma crise financeira em 1929, enfrentava agora uma guerra mundial. O manifesto da quarta internacional[1], sobre a guerra imperialista e a revolução proletária mundial, afirmava: “A causa imediata da guerra atual é a rivalidade entre os velhos ricos impérios colonizadores, Grã Bretanha e França, e os ladrões imperialistas que chegaram atrasados, Alemanha e Itália”.

Como a primeira guerra mundial, a segunda foi motivada pela disputa por matérias primas, mercados e colônias. As burguesias mundiais necessitavam eliminar a concorrência, não somente com tarifas ou rebaixamento dos preços, era preciso destruir fisicamente os inimigos. 

 Nesse sentido os aliados, ao ver a inevitabilidade da guerra começam o chamamento pela defesa da “pátria” e dos “interesses da nação” para assim enviar tropas à guerra.

Nesse contexto surgiu a primeira edição da HQ do Capitão America, que tem em sua capa o herói esmurrando Hitler. Talvez o sentido da imagem seja dizer: iremos a Berlim esmurrar os nazistas.

Criado por Joe Simon e Jack Kirby, em 1941 o personagem é produto do sentimento de defesa nacional que vivia os Estados Unidos. Isso explica as cores de sua roupa e forma de agir. É simples acusar o capitão America de imperialista, mas isso não explica sua origem.

Os artistas, que o criaram são seres humanos e como todos os seres humanos eles são influenciados pelo meio. O mundo vivia com medo da suástica, que para as pessoas comuns simbolizava o mal. O nazismo impiedosamente havia matado milhares de pessoas e lhes arrancado a liberdade. Os burgueses norteamericanos vendiam a imagem do nazismo como o inferno na terra.

Quando Timely Comics, empresa que viria a se tornar a Marvel, encarregou Joe Simon e Jack Kirb de criar um herói patriótico, os dois responderam ao chamado de defesa da pátria contra o nazismo. Eles escolheram ficar ao lado da propaganda Norteamericana contra o Eixo. Mesmo não sendo soldados os dois serviram na guerra imperialista.

O mito do Capitão America

O Capitão América sempre aparece nas histórias em que interage com os outros heróis, como um mito. Um exemplo para os seus companheiros. Ter lutado contra Hitler lhe dá não só medalhas, mas respeito. Todos vêm o Capitão America como à personificação dos ideais da burguesia norteamericana

Nesse sentido[2], Simon e Kirby deram ao herói a imagem que a propaganda pró-norteamericana e antinazista necessitava, mas ocultaram que o nazismo era o capitalismo levado às ultimas consequências. 
Os autores criaram a personagem se baseando em uma história de jornal sobre um jovem que queria se alistar, mesmo que o departamento médico do exército o tivesse considerado inapto.

Assim os autores pensaram o enredo sobre um jovem franzino, que queria se alistar. Ele faria parte de um experimento secreto dos Estados Unidos para criar um super soldado. Em tese ele seria o primeiro de muitos, mas um espião nazista mata o cientista que cria o experimento e ele acaba sendo o único.

Assim nascia um símbolo que iria inspirar os norteamericanos na luta contra o “mal” do Nazismo, escondendo dos olhos do povo o “mal” que representava o imperialismo e a ganância do capital norteamericano. E em um país onde era difícil encontrar alguém que não tinha algum conhecido na guerra, ter um símbolo como o capitão, um super soldado, inspirava. Principalmente as crianças a quem a HQ era direcionada e os soldados para quem ela foi distribuída na guerra.

Assim o capitão rumava à Berlim. Kirby lhe deu o uniforme com as cores da bandeira americana e o escudo. “Nos defendemos apenas, não atacamos”-  era o que simboliza o escudo. Além disso, usar uma arma nessa época era tabu nas HQs.

O caveira vermelha e o “mau do nazismo”

Se símbolo da América era o Super-Soldado uniformizado com as cores da bandeira americana. O inimigo era o mau em pessoa, um vilão que trabalhava diretamente para Hitler. O Caveira Vermelha representava a imagem que os Estados Unidos queriam vender de seus inimigos.

É algo comum nas HQs ou nos filmes norteamericanos. Pintar os inimigos da América de maneira não muito agradável. A imagem do Caveira Vermelha é mostrada como um resultado de um experimento movido pela sede de poder.

Enquanto a América, para enfrentar os nazistas tinha um loiro alto e forte e que tinha um “coração” puro. A Alemanha tinha a imagem da morte na cor vermelha. Assim O Caveira Vermelha era o “mal” e o Capitão América o “bem”.

Não era a imagem de Hitler quem eles queriam representar somente, mas do povo alemão. Dessa forma nos mostram não só os talibãs, mas os árabes, sempre vilões, assim como era feito com os índios nos filmes do velho oeste.

Isso se explica pela necessidade que a classe dominante tem em mostrar sua ideologia como à melhor e a mais adequada para todos. Ela precisa dos trabalhadores para fazer a guerra, afinal Ford ou os Rockefellers[3] não conseguiriam empunhar armas e nem queriam.

O nazismo é produto da luta de classes

São nas crises que as diferenças entre as classes sociais se acentuam. Fica mais claro que uma grande massa trabalha e a outra explora.  Surgem milhões de exemplos claros aos olhos de todos que o capitalismo só serve aos ricos banqueiros, empresários e latifundiários e que os trabalhadores, que geram a riqueza, nada recebem. 

A crise do sistema capitalista de 1929 gerou desemprego e miséria para todos os países. As pessoas perderam a fé no capitalismo assim como muitos perderam o emprego. Na Alemanha crescia as simpatias nas idéias comunistas, mas também crescia as simpatias pelas idéias nazistas. As pessoas buscavam uma alternativa ao sistema falido.

O Nazismo chegou ao poder em 1932 graças à traição do partido comunista alemão, que durante todo o período desde nascimento do partido de Hitler não tomou uma postura clara de unidade dos trabalhadores contra os nazistas.

Enquanto os comunistas se baseavam na classe trabalhadora, os nazistas se baseavam na pequena burguesia, pequenos comerciantes, empresários e profissionais liberais. Eles se utilizavam do receio que essa classe média tinha dos comunistas para fortalecer suas posições.

Os comunistas tinham um grande partido e se baseavam nos trabalhadores, mas não tinham todos ao seu lado. A maioria deles estava com a Social Democracia. Esses dois partidos juntos tinham a maioria no parlamento e a maioria da classe trabalhadora e poderiam ter derrotado os Nazistas. O grande problema deles foi seu oportunismo e sectarismo.

O partido comunista era orientado, nessa época, pela terceira internacional, organização que havia sido fundada por Lênin e Trotsky para organizar a revolução mundial. Infelizmente essa expectativa foi frustrada, pois os trabalhadores foram traídos pelas suas direções.

Isso gerou uma crise na União Soviética, pois o país ficou cada vez mais isolado. Lênin morre em 1924 e Trotsky é exilado, em 1927. Com isso, Stálin dirige o país e a internacional a partir de seus interesses e de seus amigos burocratas, levando assim a derrota de várias revoluções no mundo todo.

Hiltler se utilizou do medo das classes médias da revolução comunista e se aproveitou da divisão da esquerda para chegar ao poder. A unidade desses dois partidos sobre a base de um programa revolucionário impediria a ascensão nazista, mas isso não aconteceu. Stálin, presidente da União Soviética, preferia deixar os nazistas chegarem ao poder, que se unir com os Sociais Democratas.

Não há como falar em “mal” nazista ou “bem” liberal. O que existe é um sistema de classes.  Reduzir essa luta entre o Bem ou Mal é simples, mas não explica nada. O Nazismo é a última cartada da burguesia para evitar a revolução proletária, por isso, sua principal ação foi esmagar as organizações da classe trabalhadora.


[1] Trotsky, león. Programa de Transición. México. 1° Ed. Centro de estúdios Carlos Marx, 2010. 
[2] Todas as informações sobre a história da HQ do herói foram retiradas do site: http://www.universohq.com
[3] Grandes empresários norte americanos

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